E assim neste dia 8 de Maio de 2011 podemos afirmar que estamos a testemunhar (para quem estiver atento) a morte do velho mundo.
O que significa isto, o que é o "velho mundo" e o que é o novo mundo?
Quanto ao novo nada podemos afirmar à excepção que nascerá deste em que vivemos, moribundo.
No alarms and no surprises.
Estamos muito fechados no pequeno e velho mundo do nosso país, crendo que os perigos nos rondam mas nunca vão efectivamente causar mossa porque, até agora fomos conseguindo fazer as nossas vidas com mais ou menos facilidade, temos comida, casa, o carro mais ou menos a precisar de arranjo e vamos levando o cão a passear todos os dias. A rotina enfim.
Eu próprio assumo a mea culpa. Queremos acreditar na normalidade. Agarra-mo-nos à rotina e à filosofia da vida que tem que continuar, e que depois da tempestade vem festa brava, e que vamos todos daqui a uns anos reunir-mo-nos à volta de uma qualquer mesa de uma tasca a comer ameijoas e beber imperiais a falar dos cortes nos salários e da falta de professores e médicos dos tempos passados.
Durante uns tempos confesso que também pensei que a solução estava em alguma ideologia em particular, nesta ou naquela zona do espectro político, ou que em última análise a ciência iria descobrir soluções que trariam energia limpa e infinita, que todo o plástico e metal do planeta seria reutilizado e reciclado, que a alimentação seria em breve, não um luxo não da civiliação ocidental, mas algo banal até nas zonas mais pobres de África.
Então o que falhou? Porque é que isso ainda não aconteceu?
Não aconteceu porque simplesmente isso iría contra a natureza do próprio sistema. Um paradigma económico que precisa de escassez artificial.
Construimos um castelo de cartas de proporções épicas. Mas calma que as nações Unidas já têm a solução para a crise alimentar que se avizinha uma solução ao estilo de Luís XVI mas mais exótica talvez .
Não se preocupem, podem continuar com as vossas vidas que o Big Brother para além de vos vigiar também se preocupa com vocês. A sério. Sem tretas.
Isto tem nome: Normalcy bias (um brinde para quem conseguir descobrir a tradução para português porque eu não consegui...).
É nossa crença que podemos continuar a comprar casas, carros, telemóveis, LCD's e a mandar vir bananas da Colômbia e que tudo vai continuar assim para sempre...
infinitamente.
Mas temos que ter fé. Porque se não fôr o capitalismo, o socialismo e o comunismo haverá concerteza alguma religião ou seita que terá a receita certa providenciada pelo sacerdote dotado do conhecimento e da fé correcta que nos vai salvar.
Está a acontecer.
E um mais pensamento interessante sobre um problema fundamental do paradigma económico moderno: a culpa.
O animal dentro da sociedade está a morrer. Estamos presenciando o esperniar de um moribundo tendo que insiste em ficar vivo.
Esperança: muita.
Mas só no que virá a seguir.
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