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quinta-feira, 28 de abril de 2011

A Tempestade Perfeita


A Tempestade Perfeita

Esta bem pode ser a expressão do momento.

Temos culturalmente uma tendência algo egocêntrica de negligenciar a limitação que nos é imposta pelas leis da conjuntura ou o que habitualmente designamos por macro.

O macro é aquilo que se vira contra nós como cães vadios e esfomeados (ao contrário do que se pensa são bem mais perigosos do que as alcateias de lobos).

Ao contrário do que é do senso comum as leis da física sobrepõem-se às leis da economia, e as leis da física (i.e. recursos limitados) são irrevogáveis, ao contrário da economia cujas regras podem ser rapidamente alteradas se a vontade da maioria assim o exigir.

Voltando à já exausta questão da dívida soberana é preciso compreender que ela não se vai evaporar com mais o menos austeridade, mais ou menos privatizações ou com mais cartazes a dizer fora com o FMI que nós nos governaremos com menos dinheiro e havemos de pagar as nossas dívidas.


É preciso que os cidadãos entendam que não têm realmente dinheiro próprio. Desde a centralização da criação de dinheiro nos bancos centrais e do abandono do padrão do ouro e da prata que esse direito foi alienado para a banca que usou todos os meios possíveis e imagináveis (entendam-se assassinatos, subornos e decepção) para reivindicar o que acha ser sua propriedade- o dinheiro.

É natural que a maioria se tenha deixado iludir por uma ilusão de prosperidade dada por um crescimento (real é claro) demográfico e de alguma qualidade de vida, no nosso caso particular no pós 25 de Abril.

Duas justificações essenciais para isso: petróleo barato e grandes avanços ao nível da ciência. Quanto ao primeiro é importante relembrar historicamente que a degradação da qualidade de vida devido ao choque petrolífero de 1973 (fruto da parceria OPEP, FMI e Banco Mundial) e a revolta dos militares sem solução à vista para o problema do ultramar foram os principais gatilhos da revolução de Abril.

No entanto o petróleo sempre foi barato fruto da política externa do mundo Ocidental e da exploração intensiva dos recursos do planeta.

O custo de vida foi ilusoriamente manipulado para transmitir a ideia de ascensão às classes mais oprimidas.

Estas aliciadas pela máquinas de publicidade das grandes corporações em parceria com o crédito "para todos" fácil e barato providenciado pelos bancos construiu uma matriz que nos envolveu a todos, dando-nos a ilusão, a grande ilusão do Controlo.

No entanto os bancos e a alta finança virtual precisam regularmente de encetar a valorização e a desvalorização da moeda (permitida a partir dos anos 70 quando os estados deixaram eles próprios de fixar as taxas de câmbio e passaram a ser arbitrariamente fixadas pelos mercados) porque é nesse mundo virtual que os seus lucros se multiplicam exponencialmente.

No entanto este fluxo contínuo de capitais precisa de injecção constante de capital na base (entenda-se empréstimos para o povo comprar o carro novo e endividar-se) de forma a aumentar a liquidez de todo o sistema através da reserva fraccionaria.

Isto desvaloriza o poder de compra dos cidadãos, sistemática e subtilmente roubados através da inflação, cujos salários nunca acompanham a desvalorização sistémica.

Eis o busílis da questão. O crescimento só pode acontecer se houver endividamento e consumo exponencial segundo as premissas do sistema monetário. Mas os bancos precisam de valorizar o seu activo que é o dinheiro (através dos juros e diferenças cambiais mais concretamente).

Ora vejamos:

- temos crises provocadas deliberada e sistematicamente por abusos consentidos onde por exemplo 700 triliões de dólares se evaporam em derivativos no sistema. Isto valoriza o dinheiro permite à banca cobrar mais por emprestar dinheiro quer aos cidadãos quer aos estados.

- de seguida pede-se aos estados que se endividem e criem mais dinheiro virtual para estabilizarem a banca (que pede ajuda e ao mesmo tempo compra dívida e recebe empréstimos a preço de saldo), que é mais uma mentira uma vez que o valor de todos os derivativos tóxicos que se evaporaram do sistema nunca poderá ser coberto pelos estados e o que se assiste actualmente é um constante correr atrás do prejuízo por parte dos estados para salvar a banca,  ligando a impressora das notas de 500€, 200€, 100€, ect. para injectar dinheiro na banca que deixou de entrar pela base (nós) para manter a ilusão de que este esquema não é um esquema em pirâmide, quando é óbvio que o é.

- por outro lado não pode haver nenhum paradigma de crescimento infinito porque os recursos necessários para o sustentar são finitos.

- desta forma uma minoria omnisciente da relação entre a limitação dos recursos e a origem das crises, valoriza o seu poder e centraliza a gestão de recursos e o seu dinheiro, aproveitando o conceito do planalto rugoso, o sucessivo desbaste da demanda para ir de encontro às necessidades da oferta (petróleo, gás natural, comida ect.), manipulando políticos locais corruptos e a população anestesiada pelas armas de distracção maciça.

Com isto os traders continuam a especular e a fazer subir o preço dos bens essenciais, os estados são arrastados para recessões deflaccionárias em primeiro lugar, posteriormente depressões hiperinflaccionárias se não passarem pelo sofrimento da recessão profunda.

E nós continuamos a jogar o jogo, cujos mentores continuam sentados a poltrona a verem o filme editado, realizado e protagonizado por eles.

Nós: figurantes com aspirações a actores principais, que ainda não aceitaram o facto de que este casting está viciado e só nos deixarão fazer parte até entenderem que fazemos falta.

dívida soberana + colapso do dolar + (hiper)inflacção dos bens essenciais i.e. recursos energéticos e alimentos

Ainda alguém acredita que é só apertar o cinto durante uns anos e tudo vai passar?


A inflacção actualmente é bem acima do estimado devido à inflação dos bens essenciais, motivada pela diminuição na produção dos alimentos e especulação sobre os preços (resultado de um elevado fluxo de capitais e liquidez no sistema) e também pela escassez galopante dos recursos naturais ajudada também ela por alguma especulação no campo campo dos recursos energéticos.

Quanto à dívida soberana se os bancos centrais continuarem a injectar liquidez e a gerar dívida à velocidade que o têm feito até agora será impossível eliminar a dívida porque todo o dinheiro actualmente é gerado a partir da dívida.

Dívida = dinheiro.

Se eliminarmos a dívida eliminamos o consumo a inflação e os juros e dessa forma todo o esquema colapsa (que é o que vai acontecer de qualquer forma).

Precisamente ontem a Reserva Federal Americana perdeu a última possibilidade de evitar o colapso do dólar e de toda a economia mundial ao rejeitar a subida das taxas de juro e o fim do facilitismo monetário.

Mas o mundo só anda preocupado naturalmente com as armas de distracção massiva, o casamento dos principes, futebol ect.

Mas por detrás do pano o cenário e os actores estão preparados e a lição está bem estudada. Todos eles sabem o que está para acontecer porque o desfecho desta combinação explosiva é matematicamente inevitável. A decepção é a sua principal arma.

No tempo certo entrarão em cena para tentar impor uma nova ordem mundial.

Opção n.º 2 : Não há nenhuma conspiração e são todos simplesmente incompetentes e corruptos.

Em todo o caso venha o diabo e escolha.

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