Real News Reporter

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Porque não podemos ser Islandeses?




Circunstâncias geográficas, história, cultura, soberania.

Tudo é diferente.

Algumas vozes erguem-se pela Europa fora citando o exemplo Islandês como o exemplo a seguir.

É perfeitamente compreensível que na ausência de alternativas e esperança nós encaremos “histórias de sucesso” como exemplos a seguir.

No entanto a importação do modelo Islandês para qualquer país do Sul da Europa só pode ser considerada “possível” por um profundo desconhecimento do funcionamento das leis da economia e já agora, da Física também.

Porque é que a solução islandesa resultou? E já agora o que é a solução Islandesa?

Um pouco de história.

A Islândia é um país com uma grande tradição de auto-suficiência, com alguns conflitos com nações com as quais poderia ter sido deglutida mas conseguiu sempre manter a sua independência.


A reserva fraccionária era usada num formato de banco comunitário, com juros baixos e empréstimos acessíveis à maioria dos cidadãos. Os bancos eram pois extremamente conservadores para os padrões atuais.

A proteção social é elevada e continuou a ser apesar crise recente.

Mas como é que saíram da crise recente? Se ficaram ainda num pantanal maior que o nosso pela lógica deveriam estar submersos em dívida não é?

Errado.

Olhemos para a balança comercial da Islândia. Muito positiva. É um país essencialmente exportador.

Agora acrescentemos a independência energética fruto da abundância de energías renováveis, a total autonomia do sector alimentar (é um país exportador essencialmente) fruto de uma política de auto-suficiência e …

A dívida gerada pela trapalhada dos bancos islandeses não tem de ser paga pelos contribuintes. É antes paga pela balança comercial!

Como?

Simples.

A Islândia pode aumentar a base monetária mais do que qualquer país que seja predominantemente importador. Pode imprimir todo o dinheiro na sua própria moeda porque os importadores têm de comprar moeda Islandesa para importarem os seus produtos e por isso o risco de Hiper-inflação é muito menor.

Desta forma abate a dívida desvalorizando a moeda. Imprime mais dinheiro essencialmente.

E pode fazê-lo porque tem independência monetária.

Ora nem nós nem a Espanha, Irlanda, Grécia ou Itália nem a União Europeia no seu todo tem uma balança comercial positiva (importamos mais) regularmente, e muito menos é auto-suficente energética ou a nível alimentar.

Exportamos muitos telemóveis, carros e trazemos muitos turistas contudo.

Por isso Portugal não tem:

  • Independência Monetária;
  • Balança comercial positiva;
  • Auto-suficiência;

É por isso também que o Banco Central Europeu assumiu, à semelhança da Reserva Federal Americana, os ativos tóxicos dos bancos, e expandiu assustadoramente a base monetária, comprando dívida dos estados.

Mas isto só resulta quando a balança comercial é muito positiva, o crescimento é elevado e o desemprego baixo.

O paradigma do crescimento infinito colide novamente com a realidade dos recursos finitos.

Nenhuma destas premissas se verifica atualmente, o que significa que todos esses triliões de euros que foram falsificados com dívida que nunca poderá ser paga que estão na maior parte em reserva nos bancos, não valerão quase nada porque teremos de pagar muito mais pelas nossas importações devido à desvalorização do Euro ou Dólar, fenómeno conhecido como hiper-inflação.

Acho que só mesmo a Islândia pode ser a Islândia.

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