Circunstâncias geográficas, história,
cultura, soberania.
Tudo é diferente.
Algumas vozes erguem-se pela Europa
fora citando o exemplo Islandês como o exemplo
a seguir.
É perfeitamente compreensível que na
ausência de alternativas e esperança nós encaremos “histórias
de sucesso” como exemplos a seguir.
No entanto a importação do modelo
Islandês para qualquer país do Sul da Europa só pode ser
considerada “possível” por um profundo desconhecimento do
funcionamento das leis da economia e já agora, da Física também.
Porque é que a solução islandesa
resultou? E já agora o que é a solução Islandesa?
Um pouco de história.
A Islândia é um país com uma grande
tradição de auto-suficiência, com alguns conflitos com nações
com as quais poderia ter sido deglutida mas conseguiu sempre manter a
sua independência.
A reserva fraccionária era usada num
formato de banco comunitário, com juros baixos e empréstimos
acessíveis à maioria dos cidadãos. Os bancos eram pois
extremamente conservadores para
os padrões atuais.
A
proteção social é elevada e continuou a ser apesar crise recente.
Mas
como é que saíram da crise recente? Se ficaram ainda num pantanal
maior que o nosso pela lógica deveriam estar submersos em dívida
não é?
Errado.
Olhemos
para a balança
comercial da Islândia. Muito positiva. É um país
essencialmente exportador.
Agora
acrescentemos a independência energética fruto da abundância de
energías renováveis, a total autonomia do sector alimentar (é um
país exportador essencialmente) fruto de uma política de
auto-suficiência e …
A
dívida gerada pela trapalhada dos bancos islandeses não tem de ser
paga pelos contribuintes. É antes paga pela balança comercial!
Como?
Simples.
A
Islândia pode aumentar a base monetária mais do que qualquer país
que seja predominantemente importador. Pode imprimir todo o dinheiro
na sua própria moeda porque os importadores têm de comprar moeda
Islandesa para importarem os seus produtos e por isso o risco de Hiper-inflação é muito menor.
Desta
forma abate a dívida desvalorizando a moeda. Imprime mais dinheiro
essencialmente.
E
pode fazê-lo porque tem independência monetária.
Ora
nem nós nem a Espanha, Irlanda, Grécia ou Itália nem a União
Europeia no seu todo tem uma balança comercial positiva (importamos
mais) regularmente, e muito menos é auto-suficente energética ou a
nível alimentar.
Exportamos
muitos telemóveis, carros e trazemos muitos turistas contudo.
Por
isso Portugal não tem:
- Independência Monetária;
- Balança comercial positiva;
- Auto-suficiência;
É
por isso também que o Banco Central Europeu assumiu, à semelhança
da Reserva Federal Americana, os ativos tóxicos dos bancos, e
expandiu
assustadoramente a base monetária, comprando dívida dos estados.
Mas
isto só resulta quando a balança comercial é muito positiva, o
crescimento é elevado e o desemprego baixo.
O
paradigma do crescimento infinito colide novamente com a realidade
dos recursos finitos.
Nenhuma
destas premissas se verifica atualmente, o que significa que todos
esses triliões de euros que foram falsificados com dívida que nunca
poderá ser paga que estão na maior parte em reserva nos bancos, não
valerão quase nada porque teremos de pagar muito mais pelas nossas
importações devido à desvalorização do Euro ou Dólar, fenómeno
conhecido como hiper-inflação.
Acho
que só mesmo a Islândia pode ser a Islândia.
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